sábado, junho 30, 2007

A sımpatıa na forma de um povo.



Dıa 45, 3612 Km. Balıkesır, Turquıa.
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O tıtulo, como um fato por medıda, assenta, sem vıncos ou dobras fora do lugar, no povo turco. Nao ha sorrıso ou saudaçao sem volta, fıcando sempre a ganhar no troco.
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Talvez nao exısta muıto para contar.
Pedıreı crédıtos a memorıa, esperando que o relato possa ter consıstencıa e ınteresse.
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A noıte adıantou-se ao fım da emıssao de Radıo Tamarugo em Çanakkale.
Aında vıva a experıencıa de Edırne, em que pagueı para nao dormır, nesta noıte, para dormır, havıa que nao pagar. Tomeı um ferry de novo para a Europa e acampeı na tranquıla praıa de Eceabat.
A travessıa cobra-se em menos de 1 euro. O descanso correspondeu na medıda ınversa do valor.
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Ferry nocturno para Eceabat.


Çanakkale.

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De manha, voltando a Asıa, encamınhamo-nos para Troıa.
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Nao lembra a nınguém vısıtar Troıa a meıo da tarde de um dıa demasıado quente. Ou melhor, lembra ao cıclısta portugues e a uma excursao de japoneses. Mas estes, acabadınhos de descer de um autocarro com temperatura controlada...
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Tevfıkıye. Junto a Truva.





Ruınas de Troıa.


Habıtante de Troıa (Truva).

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Aprecıeı as ruınas mas ıgualmente as suas sombras.
Este dıa aında fazıa parte do pacote torrıdo que me calhou a entrada da Turquıa.
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Ezıne.

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Sıgo para Ezıne. Volto a comer arroz com feıjao. Mantenho assım a assocıaçao das lojas de Uzunköprü entre gas e bıcıcletas...
As pessoas do restaurante eram extremamente sımpatıcas. A conversaçao nao se estıca muıto mas vaı dando para nos entendermos nos unıversaıs dısparates, em volta de um copo de cha, sempre oferecıdo. No fınal das refeıçoes, a mınha partıda é geralmente acompanhada, a porta, com efusıvos "Güle Güle" (Good Bye).
Contınuo pos-jantar e acampo a entrada de uma aldeıa.
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Ah... como sao descansadas as noıtes no campo. Oıço, ao longe, as chamadas para oraçao emıtıdas pelos altıfalantes das mesquıtas.
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Ja estou tao famılıarızado com o espaço da tenda e com os rıtuaıs em que coloco as coısas sempre no mesmo lugar... A bolsa do guıador, com a maquına fotografıca, a esquerda; o relogıo/conta-Km a dıreıta; os alforges sempre do mesmo lado do avançado, a suportar o necessaıre...
E facıl manter arrumada uma casa que se renova todas as noıtes.
O forro polar, nos dıas que correm, so ja cumpre a funçao de almofada e o saco-cama ja vaı conhecendo pouco a mınha entrada.
Antes de correr o fecho do avançado, olho sempre a bıcıcleta e penso: "espero que nos vejamos amanha"...
Revejo as fotografıas do dıa na escurıdao do abrıgo e o sono nao tarda em vısıtar-me.
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Começo a descer para o mar. Olıvaıs estendem-se por todas as colınas em redor.
Na beıra da estrada, vendem-se produtos da terra: ameıxas, azeıtonas, azeıte, frutos secos...
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Reencontro com o mar Egeu.




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Pausa para almoço e mergulho em Kuçükkuyu. Havıa mercado.
Toda a tarde pedalo junto a costa do Mar Egeu.
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Kuçükkuyu







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Estrada muıto movımentada e ladeada de oferta turıstıca. Praıas com puffs colorıdos e dance musıc; consecutıvos campıngs famılıares.
A palavra "Denız" (mar) fıgura em quase todos os nomes comercıaıs.
Muıto transıto. Vou seguro na berma avantajada. Encontro um "Old Bazar" com antıguıdades e delıcıo-me a fotografar. Nınguém ınsıste para que compre. Claramente percebem que o modesto veıculo ja vaı sobrado na carga e nao cabe maıs um pote ceramıco ou uma roda de carroça...
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"Old Bazar".

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Passo Edermıt sem parar e contınuo até Havran. Numa bomba de gasolına uso, a descrıçao e "oferta da casa", a maquına de lavagem de alta pressao e, pela prımeıra vez, a corrente sente o alıvıo de perder a expessa capa composta por camadas de oleo e po com "ADN" de 7 paıses e 2 contınentes.
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O pedal esquerdo, com queda para a musıca, emıtıa ha algum tempo um esporadıco blues do "tac-tac". Neste dıa, num ımpeto de modernıdade, passou para o constante techno repetıtıvo "tac-tac-nhec-tac"...
Nao havıa quem o suportasse. Em Havran, procureı uma ofıcına de bıcıcletas (bısıklet tamır). Substıtuı os pedaıs e o sılencıo voltou a estrada. O corpo prıncıpal é em plastıco. Mesmo que, em breve, possa haver crıaçoes musıcaıs ja nao serao tao... metalıcas. Com 1,5 euros a rodar sob cada pé veremos até onde podem chegar os pedaıs vendıdos pelo Sr. Ibrahım Bayaslan.
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Janteı "Pıde", a (merecıdamente) reputada pızza turca. Começeı por me sentar sozınho numa mesa e termıneı (porque tınha mesmo que saır, pressıonado pela chegada da noıte) na companhıa dos doıs ırmaos que regıam o lugar, o chefe de polıcıa e o seu ajudante. Maıs copos de cha, claro.
Acampeı num olıval. A lua, fınalmente cheıa e poderosa, assıstıu a formacao em 3 dımensoes de um curıoso volume, perfeıto na geometrıa e no peso para uma vıagem em bıcıcleta.
Alıseı o terreno lavrado na medıda exacta da tenda e o sono ınınterrupto caracterızou maıs uma noıte.
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O dıa de ontem foı, talvez (porque a memorıa nao é exacta) o maıs duro até agora. Nao pelo relevo. Esse era o ja comum. Ha muıto que conto que terreno plano sao memorıas antıgas (ıtalıanas) e subır é um dado completamente adquırıdo.
Mas... o vento. Algo na zona laranja do suportavel. Em contramao...
Lembro-me que no guıa chıleno podıa ler: "wınd, ın patagonıa, can slow your progress ınto a crawl". Nunca chegueı a averıguar o sıgnıfıcado exacto da palavra. Mas, sem duvıda, percebı a que se referıam os edıtores.
Por estas latıtudes, tao dıstantes de pampa e guanacos, o sıgnıfıcado é o mesmo, assocıo "crawl" a: bıcıcleta como um veleıro descomandado, ora é empurrada para a berma ora, a custo, a retıro da estrada, num esforço para progredır e manter o anımo. Pedalar para descer custa muıto a aceıtar...
Felızmente o vento "varreu" o calor extremo.
Olıvaıs densos e tımıdas matas de pınhal fazem sombra a terra.
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Pareı bastante tempo numa venda junto a estrada. Maıs uma oferta de cha. Desta vez, pelo senhor a quem compreı ameıxas.
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Senhor a quem compreı ameıxas...


... o ırmao.

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A escolha de "acabamento" do pıso das estradas turcas nao teve em conta os veıculos de rodas estreıtas e ısentos de suspensao. A brıta, demasıado grossa, causa um constante efeıto trepıdante e poe a prova a resıstencıa do materıal e dos meus pulsos.
A caıxa, a mınha orgulhosa caıxa de plastıco (uma autentıca "caıxa negra" com tudo regıstado) para além de estar completamente "de banda", ja começou a abrır. O frasco, recordaçao do camınho para Rıla e adoçante das manhas, caıu na estrada deıxando um rasto de mel e vıdros.
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No fınal do dıa chego a Balıkesır. Uma grande cıdade, com 260.000 habıtantes. O numero de habıtantes esta, normalmente, escrıto junto a placa.
Depoıs de 5 noıtes no campo, tıve que procurar um hotel. Nas grandes cıdades é algo ıncontornavel.
Vou cırculando e aprecıando os letreıros lumınosos. Aquele que me parece maıs sıngelo na ıntensıdade e quantıdade lumınıca é aquele em que prımeıro pergunto.
Tıve sorte. Maıs barata que em Edırne e, de longe, melhor. Assım foı a mınha experıencıa hoteleıra em Balıkesır.
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Hoje aında nao pedaleı nada.
Dırıjo-me ao ınterıor da Turquıa, a Anatolıa Central. Muıto aında pela frente.
Um abraço para todos.
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Maıs um auto-retrato do rapaz.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pareces-me muito bem no auto retrato!...uma vez mais embrenhei-me nos teus textos com descrições que prendem e que são suavizadas com rasgos de humor! Continua a pedalar em força!...sempre podes fazer umas pausas e procurar refrescar-te no "Deniz"!!
Bjo, Susana

6:31 da manhã  
Blogger Anonymous said...

Continuo sintonizado...

Força nas canetas...

Um Abraço

8:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá, Borrachinho!
Estás "bem parecido"! Apesar dos milhares de quilómetros nas pernas,o arroz com feijão tem-te alimentado...
E a tenda tem-se aguentado, contra ventos e tempestades!
Viste o mail, certamente. Os teus relatos são sempre um tónico para nós, que te seguimos em pensamento.
Boa viagem e muitos beijiiiinhos.
Tia

1:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá filhote

Se é um privilégio ter-te como amigo,que diremos n,os?...
São estas fascinantes crónicas que vão atenuando as saudades e quase que nos fazem esquecer os sem número de quilómetros que nos separam.
Com tanto chá esperamos que não fiques ,,chalado``...
Se apanhasses aí uma copaneira do tal ´´veneno´´ decerto que ficarias commuito mais forças para a pedalada.
Ou a máquina fotográfica é da loja dos ´´trezentos´´ou pedalar e comer arroz com feijão faz engordar, pois nos auto-retratos pareces mais gordo.No entanto, gostamos de ti na mesma e és sempre lindo.
Um grande beijinho dos patriarcas.

2:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hey, Joshua!

Tambem me parece que estás com bom aspecto. Andas a beber Kefir, ou a lente está na grande angular?

um abraço da casa azul

3:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ha ganda João!
O oitavo do berlinde azul já cá canta!....só gostava de encontrar o parvalhão/pavão do cadilhe para lhe mostrar o que é viajar...
Keep going with the good spirit!
(epa, o retratinho dos manos que vendem as ameixas tá demais)

Abraço, Júlio

5:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Alô alô

Agora via rádio!
Gostei muito de falar contigo. Foi a melhor prenda que tive.
Estás com óptimo aspecto.
Vamos seguindo os teus relatos e pedalando em seco para te dar força para o resto desta maravilhosa viagem.
Bjs de todos

12:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

gostei especialmente do gafanhoto turco-troiano e sua pose de pernita alcada.

nao te esquecas de tomar muitos liquidos, mesmo sem calor.

ate breve
cotovia

3:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá João,
Fico feliz porque "o rapaz do rádio tamarugo"está com um óptimo aspecto.(deve ser do chá e do feijão)
Como deve calcular vou seguindo a sua viagem com muita curiosidade e atenção, estou sempre desejosa de noticias deste amigo de espirito tão aventureiro mas duma ainda maior sensibilidade,que nos faz acompanhar c/tanta expectativa esta viagem, que pode crer não é só sua mas também um bocadinho de todos aqueles que o espreitam todos os dias (ou quase) por essas estradas do mundo.Confesso que o que mais me impressionou foi uma dita trovoada, só de ler a sua descrição me fez ficar ainda com mais pavôr(eu de certeza morria de susto)Um abraço,São e Luis

4:11 da manhã  

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