Kraljevo, Srbija.

Dia 26, 2047 Km, Kraljevo, Servia.
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Greetings from Servia!
Os km's consequentes a emissao anterior foram prodigos em agua. Primeiro o ceu comecou a adquirir aquela pesada tonalidade de chumbo e depois... a carga! Para estes momentos, que tem sido varios, ja ando prevenido... com um pacote de pevides. Nao ha nada como esperar, refugiado em algum ocasional abrigo... e comer pevides. Descasca-las e trabalho suficiente para me entreter enquanto espero que o ceu se torne mais limpo.
Num desses momentos em que estava, practicamente na horizontal, esmeradamente a tentar conhecer o fundo ao saco num quiosque de beira de estrada "semi abandonado / para venda", um carro que tinha passado volta em marcha atras e pergunta se esta tudo bem, se preciso de ajuda. - No problem, I am ok, Hvala (Obrigado).
Pouco mais a frente, nova fuga rapida para abrigo. Desta vez numa bomba de gasolina. Os mocos gasolineiros convidam-me a entrar para dentro da casa. Oferecem-me um Ice tea e vou tentando, em fugazes periodos de compreensao linguistica, saber algo sobre o pais que me espera a cerca de 10Km. Um dos rapazes e Servio. Estendemos o mapa e ajudam-me a tracar o itinerario evitando as zonas de maior desnivel.
Tambem me dizem: -Pristina, no! Serbia, good. Kosovo, bum, bum!
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O dia aproxima-se do fim e acabo por dormir em Zvornik, ainda na Bosnia. A fronteira fica para a manha seguinte. Levanto 10 KM (a moeda Bosnia), o equivalente a 5 euros sera suficiente para: um desmesurado hamburguer no prato, com batatas fritas ...um pao, uma napolitana de chocolate, 3 bananas, um nectar de 0,5 l e ligar para Portugal... ainda recebo de troco um chupa-chupa que sabe a Sugus.
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A ponte que cruz o rio Drina alberga as duas fronteiras nos seus extremos.
Ja na Servia, sigo vario Km's ao longo do rio.



Rio Drina
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E uma zona sobretudo rural.

"Auto-colmeia".

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Chego a primeira povoacao de maior dimensao, Ljubovija, a horas de almoco.

E hora de me familiarizar com a gastronomia local e percebo que este pais tambem ajuda a que permaneca o alivio dos bolsos e a evitar o precoce desgaste da banda magnetica do Visa Electron. Com 5,5 euros como:

uma enorme malga de canja picante (quase um litro), dois bifes com batatas fritas (numa daquelas travessas inox associadas a uma dose completa em Portugal), uma salada de tomate, pepino e queijo feta numa malga igual a da canja, uma "guindilha" picante do tamanho de um pepino (em outro prato), um cesto de pao e um cafe.

Continuo a pedalar por uma tranquila estrada. E Sabado, muita gente trabalha nos campos, familias inteiras, homens, mulheres e criancas, recolhem e empilham feno. Encontro varias plantacoes de framboesas e, em algumas povoacoes, locais que devem servir de entreposto para venda da mercadoria.

Plantacao de framboesas.
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Existem varias sepulturas, nos campos, na beira da estrada. Tenho a impressao de que as pessoas podem sepultar os seus entes queridos na propria propriedade.

Na Bosnia, encontrei tambem algumas sepulturas construidas antes de falecer. Como esta, na imagem. O casal estava vivo. Conheci o senhor. Aparece apenas gravada a data de nascimento.

A algumas esta associada uma fonte e e ai que me abasteco.

... Outras tem oferendas: cafe, fruta, aguardente...

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Tenho acampado em terrenos particulares. Quase sempre recorro a uma encenacao para explicar que pretendo montar uma tenda e dormir. Desenho uma tenda no ar... apoio a cabeca nas maos em concha e fecho os olhos...

Acabo por lograr a compreensao e ouvir o que pretendia: -Nema problema!

A vida no campo...
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Procuro estradas secundarias, pela sua tranquilidade. No entanto, estas estradas estao menos "trabalhadas" no que toca a diminuir a expressao da morfologia do terreno. Subo e desco constantemente. Em castelhano dir-se-ia... um "rompepiernas".

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2000 km. Altura para balanco mecanico...

A bicicleta esta optima. O melhor "upgrade" que lhe fiz foi colocar uma caixa de fruta sobre a roda dianteira. Da muito jeito para transportar as compras do dia e outras miudezas de uso frequente.
O perfil dos pneus parece acabado de sair da loja e o ar nao e renovado desde Busto Arsizio (a 6Km do Km"0", Malpensa).

A corrente... parece que passou por duas guerras sem tempo para renovar tropas; a limpeza geral do conjunto alforges/bicicleta... "limpeza" nao e uma boa palavra... O ciclista tambem nao anda desfazado da aparencia geral do aparato.

O unico remendo que gastei foi na roda da bicicleta de um freak em Monfalcone (Italia). Enquanto se penteava na face vermelha/espelhada dos seus oculos disse-me que tem amigos que fizeram esta mesma viagem que agora faco, mas nos anos 70. Terminou com... "hippies"...

Tambem utilizei o unico cabo de travao suplente que trazia (muito bem empregue...) na reparacao da bicicleta de uma holandesa (linda...) em Caorle. Era representante de uma marca de tendas. Aposto que vende muito...

Pagou-me o cabo com uma cerveja... Estava pago desde o primeiro sorriso.

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Ontem encontrei, em contramao, um grande viajante. Philippe Jacq. Vem a pe desde o Egipto. Liga o Monte Sinai com Santiago de Compostela. Uma marcha pela paz, 8000 Km.

Ja deu a volta ao mundo em bicicleta, ao longo de 5 anos. www.chacunsaroute.com

Radio Tamarugo... um simples passeio.

Um grande abraco!

Uzice. Servia.


E, como radio tamarugo e uma radio dedicada...
Uma foto para a Luisa.