domingo, julho 22, 2007

Jai Mata Di!


Delhi.

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Dia 67, 4739 Km. Katra, India.
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Longa interrupcao de sinal...
Abundancia de imagens, a compensar o dificil arranque das palavras, justificado no processo de ajuste de frequencia.
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Em Istanbul estive quatro dias. Cheguei Sabado e consegui bilhete de aviao para a Quarta-feira seguinte. "Gulf Air", com escala no Bahrain.
Istanbul e uma cidade fascinante. Ruas transbordantes de vida com multiplas opcoes de visita, itinerarios, ofertas de comida e de lugares para apenas descansar enquanto aprecio o movimento constante.
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Istanbul. Hobby total: a pesca.

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Cidade tambem de contrastes. Cruzando a ponte Ataturk, sobre o Golden Horn, em direccao a Torre Galata, acedemos a moderna zona de Taksim. Mais do que uma outra cidade e quase um outro pais. Toda a modernidade presente.
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Taksim.

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Alojado na central area de Sultanhamet, paguei tributo as visitas chave: Santa Sofia, Mesquita Azul, Hamam (banho turco) de Cemberlitas...
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Santa Sofia.



Mesquita Azul.

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Circulei de bicicleta e a pe. O transito e exigente mas havia que treinar para desafios maiores. Com "Delhi" impresso no bilhete de aviao so poderia esperar um numero bem menor de regras.
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Sento-me em mais uma cadeira de barbeiro turca, entro em outras tantas mesquitas, compro raios suplentes (pois aqueles que trazia seguiram para Portugal junto com as varas da tenda), um outro cadeado e... nao paro de comer.
Istanbul abriu ainda mais o apetite que, ja por si ou pelo diario movimento pedaleiro, andava em alta. Mais uma vez, num curto espaco de tempo, consigo classificar de "favorito" um restaurante. Logo a seguir a ponte. Tem Faculie (feijoes) baratos e tratam-me com simpatia. Um pouco a conta dos craques da bola portugueses...
Tambem li. Comprei o primeiro livro em Goreme e, com satisfacao, descobri que consigo ler com maior facilidade em ingles. Talvez por praticar muito mais.
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Quarta-feira pela manha, 18 de Julho, abandono a "Motif Guest House", os lencois com "bed bugs" e o Ahmed, paquistanes, que todas as noites chegava com os copos e queria conversa.
Pedalo 15Km ate ao aeroporto, junto ao mar. Trajecto calmo e bonito.
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Aproximo-me do check-in com alguma apreensao. A bicicleta nao estava embalada como as companhias de aviacao costumam exigir. Como poderia envolve-la em cartao se teria que a usar para me deslocar?
Torno o guiador paralelo ao quadro e retiro os pedais + o ar dos pneus. Coloco os items mais pesados no alforge que levarei como bagagem de mao. Desta forma, a bagagem de porao nem atinge os 20Kg.
Nenhum problema. Viva a Gulf Air!
Aceitaram a bicicleta com a mesma naturalidade com que receberiam uma moderna mala em plastico Samsonite.
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Primeiro trajecto ate ao Bahrain. Tres horas de espera em ligacao e voo final ate Delhi, onde chego cerca das 06:00 locais. O ambiente do aeroporto esta refrigerado pelo ar condicionado mas a temperatura exterior e de 30 graus.
Mais de uma hora so na aproximacao ao guichet de controlo de passaporte. Fui quase o ultimo.
Encontro a cinta das bagagens vazia mas a bicicleta la estava, encostada ao tapete de borracha. O alforge caido, um pouco mais a frente. Nada se perdeu ou foi dar uma volta maior.
Varios funcionarios vao-se aproximando e, entre perguntas de curiosidade e mostras de simpatia, vao-me ajudando a tornar de novo o objecto ciclavel e a ajustar-lhe a sua carga.
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Ao sair do aeroporto sinto de imediato o ar quente e humido. Um carro que se cruza parece conduzido por um fantasma pois nao vejo ninguem no lugar do condutor a que estou habituado. So ai me lembro que neste pais se conduz pela esquerda.
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De uma so vez, sem dormir, no trajecto entre o aeroporto e o centro (que tomo como Conaught Place) recebo o pacote total das imagens mais comuns: o trafego completamente desregrado (nao e assim tao relevante o respeito pela faixa esquerda, assumida como propria); visoes de infinita miseria; a vaca estacada, colada ao para-choques de um carro que buzina inutilmente para que se desvie; buzinas tao constantes que perdem a caracteristica de aviso; o ar denso, de pessima qualidade (diz-se que um dia em Delhi equivale a fumar 20 cigarros)...
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Delhi.

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Sem mapa, perguntando, ao fim de 25 Km consigo chegar a zona de Paharganj e a rua de Main Bazar.
Esta rua, que comeca em frente a estacao de comboios de New Delhi e descrita nos guias como "500m de loucura". Tudo se vende. Bastante estreita mas nao exclusiva a peoes. Em desordem mas sem acidentes, o transito de pessoas e veiculos vai fluindo. E tambem uma zona conhecida por alojamento acessivel, frequentada por backpacker's.
Entro em dois ou tres hoteis e decido-me por aquele em que melhor encontro equilibrio entre qualidade/ajuste de orcamento. 270 rupias (1 euro = 55 rupias).
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Delhi. Paharganj.

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Uma noite em Delhi e... check out. No segundo dia, nas ultimas horas de luz, tomo um autocarro para Katra, no norte. Situa-se ao sul do estado de Jammu e Kashmir.
Nao existem grandes pormenores para descrever como cheguei a consideracao deste lugar. Pareceu-me distancia suficiente do caos de Delhi e tentaria toma-lo como inicio/continuacao da viagem a pedais.
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Viajo toda a noite num autocarro onde sou o unico ocidental. Existe uma fila inferior de lugares sentados e uma fila superior de lugares... horizontais. Nao sao propriamente camas. Tambem nao existe limite para a capacidade desta area e o esquema de frequencia e rotativo.
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Supostamente, chegaria a Katra as 07h30. Isto ate o autocarro, as 11h00, fazer meia-volta numa estrada de montanha. Tinha sido avisado de um controlo policial e nao possuia licenca para fazer aquele trajecto. A 16 Km de Katra, peco para me descerem a bicicleta (que viajou com melhores vistas, no tejadilho) e continuo viagem no transporte do costume enquanto os outros passageiros esperam por novo, e autorizado, autocarro.
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Quando o autocarro nao avancou mais...


Jai Mata Di! Peregrinos a caminho de Katra.




Caminho para Katra.

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Katra e um lugar sagrado, para Hindus. E descrito como o lugar onde viveu a deusa Vaishno. Uma gruta, na montanha, e lugar de peregrinacao.
Hoje tambem fiz o caminho onde, tenho a certeza, sou o unico estrangeiro entre milhares de peregrinos. A saudacao comum e: Jai Mata Di!
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12 Km, sempre ascendendo na montanha, conduzem a entrada da gruta.
Estive a porta mas nao entrei. Era necessario um registo, a formacao de grupos, espera... Interessava-me mais experimentar o ambiente da caminhada.
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Katra vai ficando cada vez mais longe...

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Existe alojamento, la em cima. Para quem nao faz tudo num so dia.
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Alojamento.

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Ha varias formas de subir: a pe, cobrindo a distancia por conta propria; de mula; carregado nos ombros de 4 homens que suportam uma cadeira e... de helicoptero.
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A medida que subimos, o ar torna-se mais fresco e a visao restrita pelo nevoeiro.
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Ao descer, conheco 5 rapazes de Jammu. Fazemos toda esta parte do trajecto em conjunto. Paramos para comer numa das inumeras bancas e despedimo-nos ja em Katra, onde tomam um autocarro para a sua cidade.
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O pessoal de Jammu.



Proximo de Katra, os peregrinos banham-se no rio, tambem considerado sagrado.
Dizem que retira todo o cansaco.

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Janto e dedico-me a estas linhas.
Breves e a tratar os episodios pela rama. Espero poder entrar em melhor capacidade de registo com a frequencia de observacao feita a partir do movimento em bicicleta.
Amanha volto a pedalar.
Um grande abraco para todos.
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Alojamento em Katra.

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12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá meu amor
Como sabia que teria notícias,foi a primeira coisa que fiz: vir ao jornal. Ainda não são 10h.
O que tu tens vivido é impressionante!!!Até me arripio.
O que desejamos,afinal ,é que continues com essa força interior,essa energia,que faz de ti o jovem extraordinário que és e,par nós,o melhor do mundo.
Cuida de ti o melhor possivel e Deus ajudar-te -á.
Um beijo do tamanho do mundo.
Mãe

1:57 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá, meu amor!
Já li o teu relato. Que lindo deve ser Istambul!
A minha colega Eva disse-me que já mandou um mail para a Índia e que a resposta foi que tudo o que vem de Portugal é bem vindo. Ainda tens contigo os contactos? Boa sorte nessa Babel que é esse país. E cautela com as águas...
Muuuuintos beijinhos Tia

2:14 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Grande João,

Força ai que o pessoal aqui está a dar-te força...

Grande Abraço.
NM

3:03 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eh Janecas
Cheguei agora da horta e cá estou a sintonizar a rádio que mais aprecio.
Não sei como é que consegues pedalar no meio desse trânsito tão caótico. Entendes-te com a circulação à esquerda?
No meio de tanta confusão, decerto que já tiraste o modelo da tua futura bici ou vespa!...
Hoje não consigo imprimir o teu relato da India; ou é defeito da impressora ou do ´´artista´´ deve ser do segundo.
E esse hotel de 5 estrelas, aliás, de 5 euros? Cá para mim, chamar-lhe-ia Zé das Sardinhas.
Continua com a Rádio Tamarugo no ar que nós estamos sempre à espera de novas notícias.
Um grande beijinho cá da Gerência

4:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá João!
Que bom "ouvir-te" outra vez! Estes silêncios maiores aguçam curiosidade!Gostei de ver "minha" Basílica nas tuas sempre fantásticas fotografias! Já as da Índia são mesmo muito familiares!! ;) O Caos indiano!! Ainda ontem estive a mostrar fotografias de lá aos meus pais! Mt parecido! Onde já estarás agora? Espero que continues com forças para pedalar e para fotografar e escreveres para nós lermos!! É mesmo giro poder seguir uma viagem com detalhes aqui ao longe! Obrigado! Beijinhos!

11:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá João!
Adoro, antes de me deitar, vir dar uma espreitadela ao tamarugo e ler as tuas crónicas de viajante.
Sempre que poderes vai escrevendo e um dia edita ....
Continuação de boas pedaladas,tudo de bom para ti e para a tua companheira
Um abraço de uma desconhecida admiradora.

5:16 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá João
Já estavamos todos com saudades! É muito bom acompanhar-te nessas tuas aventuras.
Esperamos que a tua viagem continue a correr sobre pedais. Cá vamos estando com a emissão no ar sempre esperando noticias.
Beijinhos e Abraços
Inês, Pedro e Francisco
(e Bolota, Claro)

7:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pois é...há muito que não te ouvia!! India...isso é que vai ser um desafio. Continua em força. Cuida-te. Sempre atenta. Bjs, Susana

3:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Hola Joao!
Que vacaciones te estás tomando eh....
Que sepas que a Lleida tambien llegan las ondas de radio tamarugo!!!

Saludos!!
joan

4:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá joão!

Acabei de reler as tuas aventuras. Quanto mais o faço mais "inveja" sinto de não ser jovem e poder partir à descoberta de diferentes civilizações, paisagens, pessoas... sobretudo o contacto humano deve ser estremamente enriquecedor e fascinante.
Boa continuação.Um abraço para ti e outro para a tua inseparável companheira. Fico a aguardar !
Desconhecida admiradora

12:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ola joão:
Já é o terceiro comentario que te envio mas devo te-lo metido mal, pois vou ve-lo e depois desaparece, eram em relação à Turquia que eu conheci alguns anos.A maneira como escreves parece que estamos a rever esses sitios. A India sempre me despertou interesse mas amedronta-me um pouco. São as comidas o cheiro caracteristico que eles têm tudo isso.
Escreves bem de maneira a entender-mos onde estás.
Um grande abraço da amiga:

Setembrina Figueira

5:44 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Força João Só agora tive conhecimento
da 'expedição' mas vou sintonizar esta rádio sempre ke possível. Fica bem, continua com esta caminhada e não te esqueças de nos ir 'alimentando' amiude com as tuas aventuras.
Mário

10:40 da manhã  

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