quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Mais rádio que nunca

Claudio, Mauricio, Lucy, si podeis, por favor, escribi para mi email. Ya no tengo vuestro contacto. Gracias
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Ora bem, por onde começar?
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Terminei o último post prometendo carregar mais imagens de San Pedro de Atacama e de Antofagasta.
Estava, nesse momento, de partida para Santiago com a intençäo de me demorar na capital apenas o tempo necessário até tomar outro autocarro para Puerto Montt. Aí começa a carretera austral, segundo item que este espaço de "tamarugo" tem como subtítulo.
A viagem para Santiago correu bem. Cheguei pela manhä, às 6h30 e, às 7h15 já embarcava para Puerto Montt.
Nesta segunda viagem conheci um casal de chilenos, emigrados há 30 anos na Noruega. Aí chegaram por razöes políticas, um "convite" de Pinochet para abandonarem o país.
Há 9 anos que näo vinham ao Chile. Estiveram 2 semanas em Santiago e agora iriam ficar em casa de familiares em Puerto Montt.
A senhora já tinha aulas de conduçäo marcadas. Disse que por um curso intensivo que a habilitará a conduzir, paga o mesmo, no Chile, que por uma hora de aula na Noruega.
Numa paragem que fizemos, para almoçar, convidaram-me a sentar na sua mesa.
Chegámos a Puerto Montt às 21h00. Um dos familiares desse casal informa-me acerca de uma área habilitada para camping, a 4 Km da cidade, seguindo a costa, para sul.
Como todos os chilenos, desejam-me "que le vaya bien".
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Puerto Montt situa-se frente a uma baía de mar. É bonito. Fez-me lembrar Montreux, na Suíça, frente ao lago. Há muitas construçöes em madeira pintada, com grandes janelas que permitem apreciar os interiores.
O centro é muito cosmopolita. Quando cheguei havia uma banda a tocar, na praça frente à catedral.
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Jantei, mais uma vez após pesquisa para convir ao orçamento.
Depois tomei a direcçäo indicada para acampar.
Quando cheguei ao local havia duas tendas. Escolhi o sítio mais apropriado à horizontalidade do ciclista e respectiva viatura, abrigado por um arbusto que protegia da intensidade do vento austral.
Já era de noite e recordo ter-me sentido muito bem, olhando as estrelas, gozando a liberdade e a "sorte" de conseguir retirar prazer em, afinal, pouco conforto. Näo montei tenda. Deitei-me no saco-cama, ao lado da bicicleta totalmente carregada.
Um pouco depois acordei com passos junto de mim. Como me sobressaltei, um dos rapazes também deu uma espécie de "salto". Disseram-me que estavam a acampar e, pedindo desculpa, justificaram passar junto de mim porque iam recolher lenha de um arbusto seco.
De facto assim o fizeram, vi-os transportar densos ramos secos. Convidaram-me para ir para junto do fogo, se quisesse.
Acordei 2 ou 3 vezes durante a noite. Pelo menos uma vez, ouvi-os conversar e o crepitar do fogo.
Quando voltei a acordar já amanhecia. Pude aperceber-me do céu muito nublado e da eminência de chuva. Ao lado continuava todo o meu equipamento.
Voltei a adormecer. Provavelmente um tipo de sono mais profundo, enquanto amanhece. O derradeiro sono para se despedir da noite que o acompanhou e entrar de uma vez no estado de vigília.
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Quando acordei... mesmo ao lado, onde antes estava a mesma visäo de todas as manhäs em que tenho dormido desta forma, restava apenas o capacete, as botas e a garrafa de água. Os únicos objectos avulsos de todo o conjunto. Tudo o resto estava amarrado, formando um só volume.
Foi este "volume", revestido também de todas as ilusöes da viagem e as possibilidades de realizar e documentar a mesma que me roubaram.
Restou o saco-cama, um casaco que servia de almofada e os cartöes bancários + BI com que sempre durmo.
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Pouco há que queira contar quanto aos momentos imediatos à descoberta. Corri como louco em várias direcçöes. Havia um bosque mesmo em frente à praia com uma multitude de caminhos e zonas de arbustos densos.
Fui perguntando a todas as pessoas que encontrei e näo encontrei nem rasto.
O fogo ainda estava muito aceso.
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Finalmente, terminei na "comiseria de carabineros". Depois de registarem a denúncia, pausada e eternamente (o que levou quase uma hora) tive que esperar que tivessem um carro disponível para ir ao local (+ outra hora).
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A pouco trabalho se deram, além de me permitirem recolher o saco-cama e o que restava, voltaram de imediato para a esquadra, sem procurarem absolutamente nada.
Deixei os poucos pertences na esquadra e pedi que me levassem a uma loja.
Também poupo ao relato os pormenores ridículos de entrar em "Fallabella", uma "multitienda", espécie de "El Corte Inglés", em boxers, as pernas marcadas pelas silvas que fizeram parte da "corrida" da manhä e mesmo assim demorar-me na escolha de umas calças. Näo que a demora tivesse a ver com a escolha do corte que melhor assentaria mas com o valor que, agora mais que nunca se tem que ajustar na medida correcta.
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Já de calças (pormenor importante) caminhei desde a cidade até ao malfadado lugar, sempre procurando algum vestígio, algum elemento de que se tivessem desfeito. Estive no local e nos lugares a que se acede em várias direcçöes todo o dia. Caminhando, caminhando, revolvendo arbustos, falando com quem encontrava. Toda a gente me expressou a sua solidariedade, interesse e incómodo pelo que me aconteceu. Naquela zona, pela maré baixa há muitas pessoas a recolher algas. Depois vendem, para indústria farmacêutica e para perfumes.
Tinha uns calçöes soltos, assim como umas meias colocadas sobre a bicicleta e sempre pensei que alguma dessas peças pudesse descobrir. Nada.
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Já de noite, voltei à esquadra.
Mencionei que estive no local todo o dia e que näo tinha visto nem um carabinero. Garantiram-me que estavam a investigar. (?)
Entreguei um elemento que me pareceu poder servir de algo: junto à fogueira onde passaram a noite e estiveram a beber (como percebi depois) estava um recibo de um estabelecimento de venda de bebidas com um número de telefone, escrito à mäo, no verso.
Pedi para dormir aí na esquadra.
A princípio tive que gerir a dificuldade de conciliar o sono com um episódio inflacionado no volume de locuçäo (traduzida) de "Escrava Isaura".
Como näo havia ninguém nessa sala, achei que a Isaura näo ia levar a mal e baixei o volume. Mais tarde, o carabinero desligou o televisor e apagou a luz.
De manhä, chegaram outros elementos e chamavam-me "espécie de detenido".
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Quando saía da "comiseria" percebi que o papelito que, ingenuamente, tinha entregue como pista estava dentro da salamandra, pronto a ter o mesmo negro destino de tudo o que ali vai parar. Pedi explicaçöes. Disseram que o número escrito no verso era de um telemóvel e que näo estavam autorizados, pelo custo, a fazer este tipo de chamadas.
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O café, revigorante, deste dia seguinte trouxe algum ânimo e, nessa boleia que agarrei täo forte quanto pude percebi que recuperar de tudo isto, se calhar, está só ali a um passo. Da mesma forma que näo desisti no calor do deserto e, por alguma razäo, também me propuz à árdua tarefa, percebi que ainda me restam forças (e possibilidade) para continuar de alguma maneira e havia que descobrir qual.
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Fui ao jornal local, a ver se havia interesse pela minha história.
A Jornalista Cláudia achou-a digan de relevo e durante uma hora esteve a recolher apontamentos. Irá ser publicada uma notícia e um apelo, no dia seguinte.
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Felizmente, estou bem de saúde, com força e ânimo. Das várias coisas más que podem acontecer numa viagem deste género, esta foi uma bem grande. Equipamento adquirido e melhorado ao longo de vários anos perdeu-se de uma só vez.
A bicicleta era uma Marin, de 95. Quando a comprei, em segunda mäo a um senhor do Barreiro, tinha o desejo de viajar na Irlanda. Depois, passou a México. A primeira viagem, digna do nome, acabou por ser o Caminho de Santiago, em 96.
Em 98, com vários "upgrades", feitos à partida, superou todas as provaçöes de 3600Km ao longo da Patagonia Argentina (e 7 dias chilenos). Nesse mesmo ano voltou a portar-se à altura numa "segunda ediçäo" do Caminho de Santiago. Desta vez, acompanhada pela "Big Fork" do Pena conduzida com maestria pelo Carlos Tomás.
Em 2003 voltou a mostrar-se à altura do empreendimento, em Cuba.
Agora, a caminho de Antofagasta näo conseguiu deixar de sucumbir à potência do arame que se lhe cravou mas, combalida, preparava-se para a investida austral.
Näo a soube cuidar como merecia e perdeu-se irremediavelmente.
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Também näo haverá mais imagens do que aquelas que publiquei. Para vós e para mim. O equipamento fotográfico que terá feito o regozijo dos ladröes também inclui todas as fotografias armazenadas. Resta-me a memória e näo... cartöes de memória.
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Estou em Santiago. Espero uma nova emissäo do passaporte.

"Quando era feliz e indocumentado" escreveu Gabriel Garcia Marquez, em 1973. Eu, indocumentado, estou feliz pois sinto que o ânimo e a sorte estäo de regresso e a passos largos.
Muito pior podia ter acontecido. Neste país ou em qualquer outro.
Este é um país moderno, com muitas pessoas simples, comunicativas e de bom coraçäo. Tantas pessoas que tive a sorte de encontrar por estar no local certo à hora abençoada. Agora tive um momento que a conjugaçäo de factores näo foi de todo propícia. Nesta vida, há espaço para tudo.
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Ainda näo tenho muito clara a ideia de "próximos episódios". O que houver, digno de relato, aparecerá em "Radio Tamarugo" (mais rádio que nunca pois carece de imagens).
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P.S. Obrigado pelos votos de "aguante" que já foram aparecendo.
Pena, o conjunto compöe-se de: calças caki com os interiores dos bolsos forrados a quadrados cinzentos e brancos. Pólo verde musgo com interior da gola em vermelho. Meias e "slips" comprados na rua. (as cuecas näo säo exactamente "tigradas" mas para aí caminham. Seriam um sucesso em actividades de cabaret).

14 Comments:

Anonymous Anónimo said...

OLÁ, meu amor!
Apesar de ser (quase) sempre a "estreante", fui a última a saber dos acontecimentos. Acabo de saber e de ler o teu relato. Posso imaginar o que sofreste e o que isso representa para um viajante que tenta poupar para as derradeiras despesas de uma viagem. Também eu fui roubada em Itália e chorei todo o resto do dia, de raiva e impotência. Mas felizmente que estás bem, física e moralmente. As imagens do que viste e a riqueza dos contactos ninguém te pode roubar e isso é inestimável. O resto,será reposto, calmamente. A propósito, a mãe pediu-me que te transmitisse que o teu pai pede para comprares uma bicicleta boa, a que tu quiseres, do nível da outra.É oferta da gerência. Eu prometo comparticipar na reposição da máquina fotográfica. Se puderes, dá mais notícias hoje, sim? Alimenta-te e dorme em alojamento adequado. Prometes? Muitos,muitos beijinhos.
Se quiseres telefonar-me , faz a ligação a pagar no destino. Ficava muito contente. Mais beijinhos, meus e do tio.

11:01 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Joe

Depois de saber das novas via "Pena-mail", voltei ao "Tamarugo" na esperança de deparar com a realidade. Joe volta a "atacar" e mostra que o fim do percurso acompanhado da sua "pedaleira" não desiste, insulta, ou ... outras tantas acções dignas de espíritos mais pobres. É nestas alturas que seria normal dizer mal do Chile, dos chilenos, já agora dos latino-americanos, dos espanhóis e do vizinho e da vizinha.


Hoje quando abri o "Tamarugo" lembrei-me de um "hotel peregrinos" em Vila Franca del Bierzo" - Espanha,de um homem chamado "Rato" a quem deitaram fogo por duas ou três vezes às instalações provisórias do seu albergue para peregrinos "del camiño"e que o ergueu quantas vezes foi necessário. Agora mais forte e baptizado justamente, de "Ave Fénix", com pedras de todos os locais que "Rato" visitou e que faz questão, de com um sorriso entre as orelhas, lembrar a proviniência. Até uma de Portugal há. Neste albergue onde o Joe foi canteiro por mérito e que também propiciou a história mais fantástica de reencontros em pleno deserto da Patagónia. Foi "Rato" que vi comportar-se como uma criança feliz ao rever um dos seus canteiros. Isso tenho a certeza que só acontece com pessoas especiais, e se tivesse dúvida teria sido retirada ao ler "Mais rádio que nunca".


Um grande abraço amigo

Carlos Tomás

p.s. Um grande abraço à dona Albertina e Sr. Lourenço, assim como restante família.

11:27 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Vi no Google : pousada de Juventude em Santiago - SAZIE Calle Sazie,2107
Fone (2) 672-2269
Beijinho Tia

1:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro Joe

Na minha garagem está uma pedaleira preta de marca "Kona", modelo "Lava Dome", suspensão de madeira - ainda não comprei uma com molas-, acho que o Pena têm uns alforges tipo mala de 50l, reforçados nos cantos com aço do mais inoxidável. Até ventos mais favoráveis, usa-a. Não esqueças nunca de uma boa bisnaga de Halibut.

Um grande abraço

Carlos

4:55 da manhã  
Blogger pita da vespa said...

João,

Eu fiz o Portalegre de moto 4 este ano. Foram quase 500 Km (todos eles dos mais duros que já percorri) num dia. Levei muita pancada nas costas, já sem forças para levantar o rabo do banco (ajudado pelos 35 Kg de lama que entretanto teimaram em me acompanhar), ía caindo umas tantas vezes, chorei e ri, tanto de alegria, como de desespero, como de raiva a pensar que os gajos se tinham enganado nas marcações do terreno e, já de noite, me queriam roubar o final.
Cheguei em 21º lugar (dos quads). Dos 75 à partida desistiram 54 e eu fui o último a chegar. O último, mas cheguei. E nem tinha força para levar bebida à boca.

Em relação a ti, parece-me que agora é que a grande aventura começa! Calor?, fome?, vento?, subidas intermináveis? Tchiii!!!
Estás bem de saúde, é o que interessa! Vamos lá mas é a comprar uma bike nova, nem que seja uma bela pasteleira velha, e a chegar ao fim. Tudo se arranja.
Não há máquina fotográfica, há papel e lápis! Para nós já é muitíssimo e tu até tens jeito ;)

Se precisares de alguma coisa, não hesites. A-pita 934265029 ou pita@teamxanfre.com

Abraço do Pita da Vespa
www.teamxanfre.com

6:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá João, é a tenho acompanhado praticamente desde o início esta tua grande aventura!
Vejo que força não te falta e amigos que puxam pela mesma corda que é o desejos que chegues a bom porto, não faltam! Sou apenas mais um numa grande equipa que vai acompanhando, devorando, quase que caminhando/pedalando a teu lado no sentido de te ver chegar no cortar da bandeira xadrez...!
Quero apenas deixar-te aqui um grande abraço e que em breve consigas colocar mais fotos que voltarão a dar cor a esta tela "TAMARUGO"
Abraço e Bem Haja!!!
Alberto Pita

5:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Mi amor... Ya lo sabes... A comprar otra bicla y a seguir el camino.

Toda a força que tanta gente te tem enviado não será em vão. É por ti, pela tua força e pelo teu encanto.
Toda esta força vai servir para te ajudar a levantar, recuperar e seguir em frente, com uma nova companheira de diferente nacionalidade. Imagina o impacto que isto terá. Esta nova bina terá história, te lo prometo.

Besso, muchos, para ti.

Com muita ternura.

Tu feli

7:40 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro João,

Como só hoje soube do URL do teu blog, mas como se costuma dizer mais vale tarde que nunca, aqui estou eu para te dar uma forcinha, psicológica é claro, para que leves até ao fim a tua aventura.

Grande Abraço e Força aí amigão...

11:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

João, que aventura(dura) tens para contar desta vez!Mais uma para reforçar a tua vertente heróica!
João, desistir? Eu preferia que não...só se tu o desejasses...o que não me parece...João, também já fui roubada, sem volta, e não desistir foi com toda a certeza a minha vitória...começa a reunir material, devagarinho outra vez e verás que para além de ser diferente, tudo te saberá melhor!

beijo grande
e sempre por aqui...ana t

1:51 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Hola João!

Estive uma semana inteira sem "sintonizar" a Rádio Tamarugo. Meti férias por causa da mudança para a casa nova (a escritura é que nunca mais...) e decidi fazer uma pausa de tudo, principalmente dos malfadados computadores.
Não imaginava esta reviravolta na tua aventura, mas é bom ver (ler!) que não te roubaram nem a boa disposição nem o optimismo.

Boa sorte e até breve!

4:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá Johnny!
Gostava de te ajudar! Mas de longe só posso dar palavras de encorajamento. Continua a tua viagem, vai em frente! Eu sei que é triste mas esquece o que se perdeu e lembra-te que ainda há muito pela frente. Eu continuo a imprimir e fazer download das imagens. Do resto já sabes se precisares de alguma coisa ou se quiseres que te envio alguma coisa é só perguntar.

Grande Abraço! DAM

5:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

boas joão,

tarde descobri a existencia deste blog mas acredita que o estive a ler com a mesma curiosidade e entusiasmo com que à 9 anos li (embora num formato não digital) algumas das coisas do teu diário que me mostraste. Lamento que esta tua viagem tenha acabado mais cedo mas mesmo assim desejo-te boa sorte e parabens por concretizares nessas tuas viagens o sonho que muitos queriam realizar.

grande abraço e manda um beijo à tua mãe!

força!

zé (torres pequeno)

6:30 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá , moro em Psor mesmo ao lado da sua avó, numa vivenda que construí num terreno abandonado que foi do velho Artur Barquinha.
Li o seu Blog e como sou tambem um viciado em viagens, vicio que muitos anos de Marinha me criaram e que cultivo com viagens ,agora tutristicas porque sou vélho, quero cumprimenta-lo pelo que escreve , pelo seu espiritoe e pelas suas optimas descrições.

11:38 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Hola Torpedo!!!!!
¡¡Me das mucha envidia, mariquita!!
¡¡Vaya paisajes!!
Dale duro a los pedales. Yo sigo entrenando para mi Ironman, pero los paisajes de que disfruto no son tan bonitos como esos de Chile.
Algún día tenemos que organizar una aventura juntos.
Un abrazo,
David.

2:35 da manhã  

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